quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Casas e Causas




Moramos do outro lado do mundo numa habitação que desconhecemos...

Mas habitamos realmente onde?
Somos o hábito de viver em casulos de corpo e alma, entrelaçados em finas linhas que são tecidas pela imaginação e pela doçura dos encontros que a vida nos porprociona...




Abriremos os casulos e voaremos como borboletas, livres nos corações dos que nos acolhem como sua morada espiritual, um abraço reconfortante quando as asas estão fracas de uma tempestade, molhadas pelas lágrimas de um vendaval...



(Vale de Freixo, Alentejo)


"No meu coração há uma paz de angústia, e o sossego é feito de resignação." (in Livro do Desassossego - Bernardo Soares, heterónimo de Fernando Pessoa)








No que vivemos
Há sempre algo que se esconde
Mas...por onde?
Frestas de sonhos
Que se escapam para a realidade
E que nos surpreendem
Como Verdade
Amarga ou Doce...
Depende do paladar
No dia em que a provamos...







(Quinta do Pinheiro, Avis, Alentejo)


"Sou um poço de gestos que nem em mim se esboçaram todos, de palavras que nem pensei pondo curvas nos meus lábios, de sonhos que me esqueci de sonhar até ao fim. Sou ruínas de edifícios que nunca foram mais do que essas ruínas, que alguém se fartou, em meio de construi-las, de pensar em que construía.
(...) Benditos os que não confiam a vida a ninguém."

(in Livro do Desassossego - Bernardo Soares, heterónimo de Fernando Pessoa)



(Vale de Freixo, Alentejo)

domingo, 23 de novembro de 2008

Irmandade

"Perguntaram a um sábio: A quem queres mais, a teu irmão ou a teu amigo?
O Sábio respondeu:
- Quero a meu irmão, quando é meu amigo."
(Retirado de uma Lenda Judia)



Quarteira, Algarve (Verão 2008)

Somos um todo de ligações inquebráveis...porque desde o primeiro contacto...somos sempre parte de alguém e alguém é parte de nós...
Depois de conectado...as redes que nos nos ligam podem então ser trabalhadas de várias formas...fáceis, difíceis, recheadas de sentimentos, afinidades ou diferenças que nos unem e atraem ou repelem...somos pólos em constante mutação...positivos e negativos em busca da utópica neutralidade...
E se alguém busca o equilíbrio nas suas formas redondas, não conseguirá perceber as arestas interiores que precisam ser limadas, trabalhadas e consciêncializadas muitas vezes no jogo social do qual se reveste a vida (...seja ele o próprio jogo da vida!).
Nos outros existe uma revelação de nós, somos influências mútuas de cores, sonhos, sorrisos, precisos abraços e palavras que se dizem de diferentes formas...
Longe ou perto, há algo que nos une, e cada pessoa tem o valor inestimável de ser único, presente e influente na existência nem sempre pacifica de cada ser que somos. Mesmo os que longe se ausentam no tempo e espaço, em algum momento são relembrados, surgindo memorávelmente em quem sempre viveram adormecidos ou despertos inadvertidamente...

Sejamos únicos em cada outro que nos torna único...



"(...) Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também (...)"

(Já sei Namorar- Tribalistas)



Quarteira, Algarve (Verão 2008)


"Também no interior do corpo a treva é profunda, e contudo o sangue chega ao coração, o cérebro é cego e pode ver, é surdo e ouve, não tem mãos mas alcança, o homem, claro está, é o labirinto de si mesmo." (in O Ano da Morte de Ricardo Reis, José Saramago)



(...) "Tão diferentes entre si, tão distintos na forma de ser e reagir, sofrer e esconder, amar e odiar, que foram um pouco os meus livros de estudo, as minhas cábulas e sebentas para chegar a mim mesma. (...)
Aprender a traduzir o que as pessoas são, ou querem dizer, para além do que fazem, falam ou parecem, exige intuição, cultura e curiosidade, certamente, mas sobretudo atenção. Por muito rica que seja a língua, as palavras revelam-se sempre insuficientes. E há pessoas ilegíveis, que nos fazem sentir analfabetos."

(in Não me contes o fim, Rita Ferro)

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Praias...

Praias desertas entre murmúrios de ondas que vão e voltam...sem ninguém para as escutar...
Praias incertas, onde não sei onde mora a tranquilidade do sono solto adormecido à beira-mar...
Praias inquietas, ventosas pelas gaivotas que planam ao fim do dia em busca do sal da areia...
Praias cobertas de algas e nuvens carregadas de castelos que não deixam ver o sol do meio-dia...
Praias discretas que ninguém conhece e que não conhecem as pegadas leves dos sonhos que ficam marcados na sua terra...
Praias sonhadoras, que não existem para além da realidade...
Praias soalheiras, onde as cores são pinturas em tom de ouro e azul...
Praias quentes que escaldam os pés, a alma, a pele e os dias de quem brinca com o fogo...
Praias doces de doces eternos que reconfortam os sentidos entre o doce e o salgado da vida...
Praias ricas de risos e lagoas inocentes construídas pela mão da criança que há em todos nós...
Praias intemporais, temporais, de nunca, de hoje e de sempre...
Qual a tua praia??

Saboreia a rota do sal e do mar...
Desfruta a areia numa brincadeira de criança....
Deita ao mar uma esperança...
Senta na duna...
Cheira a mar
Escolhe o gelado mais recheado
E aprecia o bocado
Que hoje vives
És a brisa que respiras
Verão de todas as Primaveras...

És sol, és mar, és vida com um rumo a tomar.
És caminhar, de dia ou ao luar
És a mais exclusiva invenção
Porque terás sempre uma praia secreta no teu coração...


Praia dos Pescadores, Albufeira, Verão 2006

"O tempo é a praia do espírito. Tudo passa por diante dele, e nós julgamos que é ele que passa" (Rivarol)



Quarteira, 2006

"(...) O mar que brinca na areia
Está Sempre a chamar
Agora eu sei que não posso faltar (...)"

(As Praias Desertas - Tom Jobim)


Ericeira

"Não é a água de um vaso cheio que se agita, mas a do que está meio vazio" (Provérbio Malaio).

domingo, 16 de março de 2008

Tempo certo...

(Costa da Caparica, Bar do Golfinho @ Praia da Saúde)

Há um tempo certo...

Há um tempo certo para sorrirmos, para sentirmos, para sonharmos, para chorarmos...sempre...
E como certeiro que é o tempo, também ele se encarrega de contar ao milionésimo este tempo em que julgamos certo para tudo...será?
Quanto tempo se tem para ser certo? Quem acredita no tempo certo?
Porque se chove hoje, amanhã pode ser um dia maravilhoso para tornar certo o tempo que esperamos ou acreditamos ser certo (se é que existe)...
Porque o tempo certo é sempre, mesmo que para os outros não seja (nem sempre os "tempos certos" são coincidentes)...mas que sejam realmente, a toda a hora, momentos presentes, certeiros, talvez diferentes...para sempre.

Porque..."quem gosta, gosta sempre..."

Se viste voar
A gaivota mais alto
Mira-a no horizonte
Porque ela foi embora
Mas deixou-te mais forte
Não esqueças seu mote
Faz dela o teu principio
O teu perto
O teu oásis no deserto...


(Albufeira, 2007)

" (...)
It’s times like these you learn to live again,
It’s times like these you give and give again.
It’s times like these you learn to love again,
It’s times like these time and time again.


I, I’m a new day rising,
I'm a brand new sky that hang the stars upon tonight.
I, I’m a little divided,
Do I stay or run away and leave it all behind..."

(Times Like These-Foo Fighters)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Paleta...

"Os grandes pintores servem-se das tintas mas pintam com o coração" (Chardin)

(Gato Preto em flores brancas, algures num jardim alentejano...)


Porque somos de tantas cores?
Porque há dias em que só temos tons de breto e branco?
Porque somos paleta infinita entre Magenta, Azul Ciano e Amarelo, que se confunde com os traços da estada e que tão prontamente nos propomos a alcançar, tantas vezes no meio da escuridão? É aí que nos falta a imaginação...
Honraremos as nossas cores naturais, cores mãe e cores leais, que nos acompanham mesmo nos dias cinzentos, onde o branco e preto reinam por fora. Sejamos grandes pintores da nossa alma e de cada dia nosso. Pintemos com o sorriso, com os olhos e os sentidos...

Mas...de que cor somos nós?

Talvez da cor dos dias menos bons, dos dias luminosos que são o prisma que irradia a nossa luz e traduz um arco-iris e que nem sempre temos a coragem, vontade ou esperança de soltar de dentro de nós...

Falta a chave, falta a mudança, falta a trave da esperança que abre esta porta: sonhos, cores e inspirações...poesias e motivações...





"But I'll see your true colours, shining through

I see your true colours, (...)

So don't be afraid, to let them show

Your true colours, true colours

Are beautiful, ooh like a rainbow


Show me a smile..."

(True Colors - Phill Collins)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

À espreita do pedaço de céu e de luz...

Quando se dorme sob o signo das estrelas, nem se dá conta dos dias que passam, porque não se é incomodado pelos raios de sol e de vida que perfura o presente e implacavelmente estará presente num futuro talvez não muito longínquo.

Luz
Contra-luz
Costas e nuca
Que admira a claridade
Mas que ignora uma realidade
Em si ausente...


Então vive-se (?) adormecido para o mundo porque se aninha na carapaça...couraça que pode ser de pele ou fel...assim depende as leis da personalidade, da maturidade e da sensibilidade para o exterior...
Ao fim ao cabo, qual o Amor que nutrimos por nós e pelos outros...?


E ao acordar de um sono mais profundo, observa-se e admira-se o que nos rodeia com alguma estranheza, talvez delicadeza porque nunca sabemos o que esperar de volta. Sofre-se a tentação de partir à aventura, sempre à cautela para não perder a postura, a loucura e a etiqueta que fica do lado de fora da compostura, uma vez que se é investigador com carta branca ainda por escrever. Por falar em carta, como escrevê-la e para onde mandá-la? Perde-se os selos no meio da novidade...

Espera
Escuta
Não discutas
Aprende
A ser seguro
É o teu futuro...

De "orelha fita" escuta-se, talvez por saber que se luta pela sobrevivência numa selva na qual nunca fomos vistos nem achados, mas que sentimos pertencer-lhe de alguma forma. Aprende-se involuntariamente as suas leis e regras, excepções e infracções que por vezes tão astutamente se acomete, sem margem para erro ou pecado...até ser lançado o dado...


Ao já ser parte do puzzle que é a nossa própria vida, há uma vontade de desafio e de entrar mais profundamente nos desígnios das vivências interiores e exteriores a nós.
Através dos pequenos grandes pormenores que fazem de nós o que somos, únicos, definimos e redefinimos escolhas, projectos, sonhos e desertos áridos ou oásis onde a luz nos ilumina e ateia a esperança e a vontade de agir. Adquire-se a posição de caçador, lutador, confiante o mais possível da nossa essência. Esta é a essência, luz interior, claridade, guia da saciedade que...

Miramos
Interiorizamos
Reflectimos
Desejamos
Ser Humanos
Em nós
Planos
Sejamos
Eternos quotidianos





E se a caminhada já valeu para aprender, para reflectir ou para compreender um pouco mais de nós e do tudo nada que nos circunda, nada está perdido, mesmo quando a vitória teve sabor a derrota...

Porque o tempo e a impossibilidade da vida ser estática torna cada minuto, segundo, renovável e mutável. Se não se pode desafiar as capacidades próprias ou vontades destinadas, toma-se a posição de espectador atento. Porque a luz, seja ela interior ou exterior existe sempre... somos as candeias uns dos outros, sejamos por nós e pelos outros que fazem sentido à nossa luz.

É a riqueza da luz, a energia das cores, um bem único no céu de cada um mas com valor comum incalculável...



"O sol não espera que lhe supliquem difundir luz e calor. Imita-o e faz todo o bem que poderes, sem esperar que to implorem" (Epíteto)



"When you try your best, but you don't succeed
When you get what you want, but not what you need
When you feel so tired, but you can't sleep
Stuck in reverse!

And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?

Lights will guide you home (...)"

(Fix You - Coldplay)



Fotografias in Vale do Freixo, Alentejo.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Desejos

" A Esperança vê o invisível, sente o inatingível e alcança o impossível" (Autor Desconhecido)

Os desejos são semelhantes a sonhos, será? Qual a diferença?
Bem, não vou a dicionários nem a outros auxiliares, mas parece-me que o desejo é um pedido com uma força interna, uma dose extra de vontade.
Isto não quer dizer que os sonhos não sejam crivados de vontades e eles próprios de desejos, mas o desejo em si parece ser mais perto de uma realidade, o que não quer dizer que se realize mais facilmente. Ainda assim os sonhos poderão encontrar-se a uma altitude ou longitude bem mais irreal que o desejo, o que os torna de forma figurada, "pequenos castelos no ar".
Mas tanto desejos como sonhos são imprescindíveis à vida. Porque se o desejo tem a força e a vontade bastante, é com esta eloquência que é projectado, como o foguete, e nos permite chegar às estrelas...ao sonho!


(Passagem de Ano 2006-2007, Praia dos Pescadores, Albufeira)

Depois dos desejos desejados, há então que aproveitar quando estes são realizados. E, melhor que tudo, tentar aproveitar o caminho, longo ou não, para os alcançar!! Porque quando a festa ainda vai no inicio, todos os pormenores são importantes para dar vida à caminhada nesta busca pelos sonhos desejados!
Brindemos e festejemos à vida, pela vida e pela possibilidade de sonhar e desejar!


(Passagem de Ano 2007-2008, Parque das Nações)


" Vivo do meu desejo de Viver." (Miguel de Cervantes)