"Talvez o meu destino seja eternamente ser guarda-livros, e a poesia ou a literatura uma borboleta que, pousando-me na cabeça, me torne tanto mais ridículo quanto maior for a sua própria beleza." (Fernando Pessoa in Livro do Desassossego)
Sou borboleta amarrada ao casulo que há muito inventei para salvar a alma e a pele. No entanto, vivo das cores que o arco-íris me emprestou, quando ainda sonhava ser alguém que não sou.
Sou voadora entre as margens de um céu tingido de azul e uma terra atropelada de verde e cinzento, onde jamais a liberdade é confundida pelas prisões intelectuais...
A Liberdade é apenas translucida ao primeiro raio da manhã, entre os laivos de sábio e louco que existem em todos nós...
Sou Mariposa, ao sabor do vento, das adversidades do tempo e da necessidade, entre flores e jardins de estrelas que teimam em guiar-me quando já o sol se pôs... e que bem sabe ser guiada...!
Sou borboleta
Encantada marioneta
De pétalas e desejos
(...)
Entre terras e visitas
Procuro nas entrelinhas
Um aragem que me corre
(...)
Nas veias matizadas
Um pouco desbotadas
Das pinturas que não guardei
(...)
Não sobrou Folha nem Fio
Nem pincel de água doce
Para pintar mais uma tela
E de novo Mergulhar nela...
Agora que voo para longe
Fica o céu e as estrelas
Que nunca foram minhas
Fica o casulo que não encontrei
E o desejo que nunca desejei
Assim voarei...
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